Entenda melhor o projeto: Gêneses
GÊNESES
No início, o nada e o vazio vagavam juntos. Perambulando na vasta e infinita densa galáxia, os dois avistam uma forte fonte de luz escondida na imensidão do universo, essa luz iluminava a mais densa escuridão e, ao mesmo tempo, irradiava seu imenso clarão por todo o vácuo, de forma tímida e majestosa.
O vazio não demorou muito para abraçar a luz. Descobriu, então, que o calor da luz era bom, e assim permaneceu. O nada, sem espaço para se abrigar na misteriosa fonte de calor e com o árduo sentimento de inveja, distanciou-se e encolheu-se como uma criança, quando não é satisfeita, e assim resmungou, e seu grito ecoava em um espaço sem vida:
- Por que minha insignificância é tão escura?! Por que não irradio raios fortes que causem cegueira?!
O nada, então, solitariamente, encolheu-se no imenso frio da compaixão que lhe restou, e assim, aos poucos, tomou uma forma oval, jurando eterno rancor ao agora comprometido vazio.
Já o vazio se encontrava a tempos engatado no calor da misteriosa luz, que agora cintilava, e sua radiação eventualmente falhava. O vazio, cada vez mais, acomodava melhor suas entranhas na luz e, aos poucos, as duas matérias se transmutavam em uma só atmosfera. A harmoniosa fonte luminosa, com tom de ímpeto e grandiosa, resmunga para o vazio:
- Sua imensidão cada vez mais me consome e me deixa fraca, não conseguimos conviver dessa forma! Irei renovar meu calor e luz, afastando-me de você.
O vazio responde com uma voz sutil e colossal:
- Seu corpo é meu! Com o tempo, suas vértebras se uniram a meus ligamentos; e meus ligamentos, a seus nervos. Agora, eu penso como você, e você age como eu, aonde você for eu irei e onde eu estiver você irá irradiar.
A luz concorda e, como seu último suspiro, argumenta:
- Então, assim será. Irei me espalhar pela imensidão de seus vastos membros e me acomodarei em cada vácuo, restaurando meu brilho e reinando com meu calor.
A luz e o vazio se eclodem em uma supernova, espalhando matéria e luz a todo o denso, e agora vivo, universo. Algumas matérias eram pequenas. Assim, foram nomeadas Estrelas. Outras matérias eram gigantescas, nomeadas Sol. Já outras tinham formatos estranhos e variados, nomeados Cometas.
O nada, que agora era uma matéria fria e viscosa de solidão e desespero, avista a nova fase da galáxia e descobre que a fusão gera matéria. Não demorou muito para sua nebulosa solidão consumir o sol mais extenso e luminoso que sua vista alcançava. O nada, então, suspira ao sol colonizado:
-Haverá você de me iluminar e massificar. Agora meu frio o condensa e traz vida, ao mesmo tempo em que tira a sua. Somos agora um só, e nosso nome não é mais Nada nem Sol. Nosso nome agora é Nova e, juntos, não somos estrelas nem sol, muito menos cometas... Nós somos um planeta!
O Sol reage, dizendo:
-O frio não é bom. Por maior que seja minha luz, não consigo evitar seu desespero lúgubre. Irei distanciar meu pensamento daqui e deixar meu corpo e minha alma contigo, já que não sou eficaz contra sua penumbra, pelo menos não ainda...
O Sol projeta seu extremo membro superior o suficiente para observar a transformação do seu corpo e da viscosa infeliz penumbra em uma massa. Ele vê que a caloura Nova é fria e sem vida, totalmente condensada. O extremo membro, então, ainda é forte e maior que o calouro planeta. Ele se posiciona perto de Nova e ali permanece, dando calor e luz para seu corpo fundido com a penumbra.
O planeta aos poucos tem seu frio multilado. Crateras se formam, e o frio condensado de liquefaz. O líquido completa as crateras, e logo a maior parte do planeta é líquido e começa a virar vapor, por causa do calor solar, escapando, assim, matéria para o espaço. Nova, como tentativa de conter a evasão do vapor, condensa-se como uma capa protetora envolta do planeta, nomeada atmosfera. Assim, o Nova grita ao novo e imenso Sol:
-Se você continuar tão perto, nós seremos esquecidos, assim como fragmentos são lançados a supernovas.
O Sol se distancia o suficiente para deixar o planeta em harmonia. Nova tem terras flutuando sobre água e nuvens, resultado de vapor. O vazio, junto à luz, observa a nova fusão e fica contente, projetando três feixes de luz para dentro da atmosfera do novo planeta.
-Aí está, irmão, nossa contribuição a sua evolução. Nossa galáxia não é mais morta, e esses feixes são tão vivos como a gente!
Grita, alegre, o vazio.
O poderoso Nova agora se lembra de seu Gênesis quando fora abandonado e quando jurou eterna vingança ao vazio e à luz.
-Sua vida não é bem-vinda em meu planeta, e serão dizimados com o rancor mais impiedoso e frio já presenciado.
O vazio responde de forma triste e medíocre, com os feixes já lançados:
-Assim será, me distanciarei de você, mas contigo deixarei meu amor e vida junto com os feixes que te mandei.
O vazio se distancia e nunca mais é visto.
O primeiro feixe inevitavelmente penetra em Nova, enraizando-se em terra firme e próspera. Junto a ele cai o segundo feixe de luz, e os dois ficam seguros naquela área. Mitigan logo avista o terceiro feixe e o desvia para a área mais gelada do planeta, sugando todo seu amor e vida e o corrompendo, e lhe dando capacidade autorreprodutora, a fim de destruir os outros feixes de luz.
Nova agora tem mais vida habitando, essa nova vida traz mais vida, essa nova vida se alimenta de água e de terra e logo se adapta. Os dois feixes foram batizados humanos. Eles dependem um do outro para reprodução, e eles se adaptam facilmente à situação, trazendo vida por onde passam. Junto a eles, vieram sementes e ovos, de onde nasceram mais vidas e plantações, formando vilas e habitats.
Enfurecido, Nova não se conforma ao exílio do corrupto feixe, batizado lefeu. Logo o corrupto lefeu se fertiliza, formando novas criaturas e habitats bisonhos, com seus ovos e sementes. Esse câncer se espalha rapidamente nas águas, céus e terras, insaciáveis por violência e irracionalidade brutal. Por onde passam destroem o bem e criam vida semeada na vingança.
Nova descobre, então, que vingança é ruim e que o bem é bom, se ausentando de suas atividades como planeta e deixando o fluxo natural seguir por enquanto.
Nova gira em órbita livre em volta do Sol agora, deixando o fluxo natural seguir e esperando a iminente destruição do planeta por parte da corrupção.
O planeta grita antes de hibernar por profundas noites:
-Irmão! Irmão! Eu me rendo! Perdoa as minhas ofensas e insultos, perdoa minha ignorância! Como forma de pagar minha promessa, irei dormir eternamente, mas com o meu coração limpo, pois agora sei que o amor reina em mim! Meu mundo é pecaminoso, mas seus feixes de luz, batizados bons humanos, irão combater minha corrupção se assim tiver que ser! Obrigado, por me mostrar o amor e a vida...
Nova, então, chora, provocando um fenômeno chamado tormenta. Trata-se de uma chuva vermelha, que cospe os demônios malignos do céu para as profundezas dos oceanos e terras, deixando–os exilados, enquanto há uma reprodução maior do bem na terra.
E assim cessa a primeira tormenta, fechando seus colossais olhos e hibernando. Com o tempo, a era dos humanos começa... Ao mesmo tempo em que os lefeus¹, soterrados em profudezas, se erguem!
¹ Nome que se deu aos demônios cuspidos da tormenta, são de inúmeras espécies.
Teaser #1: A profecia.
“ Renascido no ventre da escuridão
lá estava enterrado sua identidade e suas memórias
eu vejo o poder da esperança transpirar de suas mãos.
Sua origem afunda em escombros,
enquanto o verdadeiro herói se ergue de seu profundo sono. ”
Não me recordo quem eu sou, meu nome, minha família ou meu legado. No momento me encontro jogado em escombros do que me parece ser uma falecida cidade ou vila. Um instinto de sobrevivência me mantém ativo, um desejo de saber quem eu realmente sou talvez seja meu atual propósito.
Enterrado vivo! Como pode alguém sobreviver com poucos arranhões a um soterramento? Olho em minha volta, a destruição toma conta de uma vila. Em frente as casas, jardins de ossos e lápides. Avisto de longe tochas acessas.
Comandante Tarius II, ele se nomeava, junto ao seu grupo de soldados eles foram enviados por ordens do próprio Rei em uma missão de resgatar sobreviventes do misterioso terremoto que destruiu a vila de Coya e separou a ilha de Galapsos. Conto a ele sobre o soterramento, Tarius aparenta surpreso e cita diversas vezes trechos de uma velha profecia, aparenta acreditar solenemente que eu vivo estas palavras. Tarius refresca minha memória, diz que Nova vive tempos de agonia e dor, a Tormenta tomou níveis maiores este ano, não dúvida que este terremoto seja fruto desta perversidade.
Sou ordenado a embarcar junto a Bad, ele nos levará de volta ao vasto continente de Deheon, não me recordo de nada existente neste mundo para ser sincero, sou informado que iremos a Prima, soou como um bom começo. Exausto, eu desabo em sono durante a viajem, acordo em um navio pesqueiro em Prima.
“Quem sou eu? Qual o meu propósito, qual será o meu legado? Seria eu o fim da perversidade da tal tormenta? Seria realmente eu a profecia? Afinal... o que é esta temida Tormenta? Está decidido! A jornada começou, a tormenta será desbravada e o meu destino revelado! ”